Desvendando as raízes do dia de Todos os Santos: uma viagem pela história e tradições
Estamos no mês de novembro, quase chegando em 2025! E com isso temos um dos eventos mais importantes do catolicismo, o dia de Todos os Santos. Mas, será que já se nos perguntamos como esse dia surgiu e como ele se tornou importante pra nossa fé católica? Então fique conosco que vamos descobrir juntos!
03/11/2024
No dia 1 de novembro, a Igreja celebra a festa de Todos os Santos. Segundo a tradição, ela foi colocada nesse dia, logo após 31 de outubro, porque os celtas ingleses (pagãos) celebravam as bruxas e os espíritos que vinham se alimentar e assustar as pessoas nesta noite conhecido como Halloween.
Neste dia, a Igreja militante (que luta na Terra) honra a Igreja triunfante no Céu, “festejando, numa única solenidade, todos os santos” – como diz o sacerdote na oração da Missa -, para render homenagem aquela multidão de santos que povoam o Reino dos Céus, que São João viu no Apocalipse:
“Ouvi, então, o número dos assinalados: 144 mil assinalados, de todo o povo de Israel. Depois disso, vi uma grande multidão que não dava pra contar, de toda a nação, tribo, povo e língua: conservaram-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão”. “Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram suas vestes e as alvejaram no Sangue do Cordeiro”.
Essa imensa multidão de 144 mil, que está diante do Cordeiro, entende todos os servos de Deus, aos quais a Igreja canonizou por meio de uma decisão infalível de algum Papa, e todos aqueles, incontáveis, que conseguiram a salvação, e que desfrutam da visão beatífica de Deus. Lá, “eles intercedem por nós sem parar”, diz uma de nossas orações eucarísticas. Por isso, a Igreja recomenda que os pais ponham nome de santos em seus filhos.
Esses 144 mil representam uma multidão (12 x 12 x 1000). O número doze e o número mil significavam para os judeus antigos plenitude, perfeição, abundancia; não é um valor meramente aritmético, mas simbólico. A igreja já canonizou mais de 20 mil santos, mas há muito mais que isso no Céu.
Todos os Santos se tornam intercessores no Céu
A Lumen Gentium do Vaticano II lembra: “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade de toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, mostrando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio”.
Na hora do falecimento, São Domingos de Gusmão dizia a seus frades: Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”. E Santa Teresinha confirmava esse ensino dizendo: “Passarei meu céu fazendo bem na terra”. O Catecismo diz: “Na oração, a Igreja peregrina é associada a dos santos, cuja intercessão solicita”.
A marca dos santos são as bem-aventuranças que Jesus proclamou no Sermão das Montanhas; por isso, esse trecho do Evangelho São Mateus é lido nessa Missa. Os Santos viveram todas as virtudes e, por isso, são exemplos de como seguir Jesus Cristo. Deus prometeu dar a bem-aventurança aos pobres no espírito, aos mansos, aos que sofrem e aos que tem fome e sede de justiça e a todos que possuem o ultraje da calúnia, da maledicência, da ofensa pública e da humilhação.
Somos todos a ser chamados a ser santos
Essa ‘Solenidade de Todos os Santos’ vem do século IV. Em Antioquia, festejava-se uma festa dos mártires no primeiro domingo depois de Pentecostes. A celebração foi introduzida em Roma, na mesma data, no século VI, e cem anos após era fixada no dia 13 de maio pelo Papa Bonifácio IV, em concomitância com o dia da dedicação do “Panteon” dos deuses romanos a Nossa Senhora e a todos os mártires. No ano de 835, essa celebração foi transferida pelo Papa Gregório IV para primeiro de novembro.
Cada um de nós é chamado a ser santo. Disse o Concílio Vaticano II: “Todos os cristãos, de qualquer ordem ou estado, são chamados à plenitude da vida cristã e a perfeição da caridade”. Todos são chamados à santidade:
“Deveis ser perfeitos, como pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48)
“Com o fim de conseguir essa perfeição, façam o uso das forças percebidas cumprindo em tudo a vontade do Pai, se dediquem inteiramente a glória de Deus e ao serviço do próximo. Assim, a santidade do povo de Deus se expandira em abundantes frutos, como se demonstra, luminosamente, na história da Igreja pela vida de todos os santos”.
O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual (cf. 2Tm 4). O progresso espiritual da oração, mortificação, vida sacramental, meditação, luta contra si mesmo, é isso que nos leva, gradualmente, a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças. Disse São Gregório de Nissa (340):
“Aquele que vai subindo jamais cessa de ir progredindo, de começo em começo, por começos que não têm fim. Aquele que sobe jamais cessa de desejar aquilo que já conhece” (Hom. in Cant. 8).
REFERÊNCIAS
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