Família: o berço das vocações e o papel fundamental no chamado divino

Este artigo destaca a importância da família na formação das vocações religiosas, mostrando como o apoio e a vivência dos valores cristãos no lar são essenciais para despertar e nutrir o chamado divino.

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No mês de agosto, a Igreja Católica dedica um espaço especial para refletir sobre as vocações, um tema de grande importância para a comunidade de fé. Mas, você já parou para pensar no papel que a família desempenha na formação dessas vocações? Afinal, a vocação não é apenas uma aptidão para executar uma tarefa com excelência; é um chamado divino que se manifesta de forma natural e poderosa, muitas vezes, no seio familiar.

Um exemplo claro disso é a história da família de Seu Ivo Santana e Dona Benedita Pedra dos Santos Santana, de Lins, interior de São Paulo. Eles não participavam ativamente da Igreja, mas sempre ensinaram aos filhos o respeito por Deus e pela religião. Quando começaram a frequentar o Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica (RCC), algo mudou. A convivência mais próxima com a comunidade de fé despertou em sua filha Tania um chamado especial: o de se tornar freira. Dona Benedita relata como, ao longo do tempo, percebeu essa transformação na filha: “Eu fui percebendo o jeito dela falar, agir, e tudo foi acontecendo”.

A experiência dessa família demonstra que o ambiente familiar é fundamental para o despertar das vocações. Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, reforça essa ideia ao afirmar que as vocações florescem em lares onde a espiritualidade e a religião são vividas de forma ativa. Segundo ele, em famílias que não rezam, desrespeitam o domingo ou não mantêm laços com Deus, as vocações podem surgir, mas são raras. Por outro lado, quando a fé é transmitida de pais para filhos, as chances de surgirem vocacionados aumentam significativamente.

O incentivo dos pais é essencial para que a vocação de seus filhos se desenvolva plenamente. Dom Orlando destaca que, embora a vocação seja um chamado e uma resposta pessoal, os pais têm o papel de motivar e apoiar seus filhos nessa jornada. Dona Benedita, mesmo reconhecendo a dor de ver sua filha sair de casa para seguir sua vocação, entende que o apoio familiar é crucial: “Se Deus está chamando, eu acho que a gente não tem que impedir, e nem incentivar que desistam da ideia”.

Irmã Tania, agora consagrada há seis anos na Fraternidade Jesus Salvador, compartilha a realização que encontrou ao dizer “sim” a Deus. “Sou completamente realizada, me realizo na minha vocação, naquilo que sou e faço”, afirma, expressando uma alegria profunda, mesmo nos momentos difíceis.

A história de Tania e sua família nos leva a refletir sobre o que as famílias podem fazer para gerar mais vocações para a Igreja. Dom Orlando sugere que essa preparação começa desde cedo, inclusive no namoro dos pais, onde um relacionamento cristão já pode abrir portas para o chamado vocacional. Além disso, ele menciona que o período de gestação é um momento especial, quando muitas mães consagram seus filhos a Deus ainda no ventre, um gesto simples, mas de grande valor e impacto.

Assim, o papel da família na formação das vocações é inegável. A fé, o apoio e o exemplo dentro do lar criam o ambiente propício para que o chamado de Deus seja ouvido e respondido com amor e coragem. É uma missão compartilhada, onde o amor de Deus se revela na vida de cada membro da família, conduzindo-os ao caminho que Ele preparou.