Cristo Rei: um reinado de serviço e salvação

Celebração que encerra o ano litúrgico e nos prepara para o advento, reafirmando quem verdadeiramente reina em nossas vidas.

Por João Antônio Johas

23/11/2024

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo

A solenidade de Cristo Rei é uma celebração muito recente da Igreja. Foi o Papa Pio XI que a criou em 1925. Naquele contexto, a Igreja via como necessário reafirmar a soberania real de Jesus e de seus ensinamentos em um mundo que se afastava cada vez mais do Senhor. Hoje, quase 100 anos depois, caberia a pergunta se o mundo está caminhando mais que antes rumo ao Senhor. Não parece ser o caso, pelo menos se olharmos rápido e superficialmente. Se seguirmos o mesmo critério de então, talvez hoje com mais razão precisamos afirmar essa realeza de Cristo.

Falar de realeza pode trazer muitos mal-entendidos. Se olharmos os reis do passado, que tinham muito poder sobre seus povos, nos percebemos que quase sempre esse poder que ele tem sobre o seu povo acaba se corrompendo de alguma forma o coração do homem ferido pelo pecado. Certamente houve reis santos, mas sabemos que nem eles estão livres do pecado. De todo modo, a realeza de Jesus é de outra índole. Em sua realeza lembramos sua divindade, que se colocou em serviço da humanidade. Esse traço característico de serviço também não encontramos com facilidade naqueles que detém um poder muito grande. (Não estamos excluindo a possibilidade, e certamente muita gente com essas responsabilidades fizeram um ótimo serviço a população).

Mas alias esse serviço que Jesus oferece é diferente de qualquer outro serviço prestado por pessoas poderosas. Por mais poderoso que seja alguém, não poderia servir-nos dando-nos a salvação, o perdão dos pecados, a possibilidade de voltar a amizade com Deus sempre que nos voltemos para ele arrependidos de nossas faltas como cristãos. O verdadeiro serviço que nós somos Criaturas de Deus, feridas pelo pecado, mas que nele podemos encontrar de novo o sentido de nossas vidas, que sem ele caminha a morte.

Não é uma festa Bíblica, há que dizer. Jesus não aparece na Bíblia como um Senhor Glorioso dos povos. Pelo contrário, uma das vezes que a realeza de Jesus se manifesta é quando estão zombando dele. Quando o vestem de purpura e o coroam com a coroa de espinhos. De maneira velada, podemos reconhecer uma prova de sua realeza, mas a verdade é que os soldados não estavam tão reverentes assim. Uma outra vez que Jesus é reconhecido como rei é quando era montado em um burrinho em Jerusalém. Ali ele é até aclamado como o filho de Davi! Mas parece que esse reconhecimento não durou muito, já que pouco depois a multidão gritava: Crucifica-o!

Nessa situação vale a pena que nos perguntamos quem é o Senhor Jesus em nossas vidas. Será que permitimos realmente que ele esteja plenamente no centro de nossas vidas? Todas as vezes que Rezamos o Pai Nosso estamos pedindo que seu reino, ou seja, sua realeza, seu domínio venha sobre nós. E o nosso coração, está preparado para reconhecer seu verdadeiro rei? Porque isso é fundamental para o cristão: Reconhecer-se criatura. No nosso mundo, que se fala muito de autonomia, de segurança pessoal, que pretende ter o controle sobre tudo, essa festa vem nos recordar que aquele que verdadeiramente reina é Cristo.

E claro, lembrando que com essa festa se encerra o ano litúrgico no próximo domingo. Já começa de maneira especial, nossa caminhada de advento, rumo ao Natal. Que essa festa de Cristo Rei já nos coloque no clima e que aquele menino, frágil e dependente da mãe, que vai nascer, e na realidade, o Rei do Universo, da qual todas as coisas foram feitas e em quem todas elas foram renovadas com sua encarnação, morte e ressureição.

Referência:

https://diocesedesetelagoas.com.br/o-que-e-a-solenidade-de-cristo-rei/